24.7.10

ajuda no moodle

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MOODLE-para-não-entendidos ;-)

Transplantei para aqui o link que dá acesso ao mini curso sobre moodle, para quem precisar.

Está à direita, no título "sítios de interesse", ou nas PÁGINAS do Dpt 

As explicações são muito básicas, espero que ajudem..

De qq modo, qq dúvida, é só pô-la por aqui, por ex, nos "comentários" a este post.

minha pátria é a língua portuguesa

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um texto de Bernardo Soares,  semi-heterónimo de Fernando Pessoa: « Bernardo Soares sou eu menos o raciocínio e afectividade. » 
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« Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso. 
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Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica. Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa
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Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse. 
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no departamento de Línguas, página de escritores portugueses anteriores ao século XX, aqui
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23.7.10

fundação José Saramago

Saramago morreu há 1 mês e 5 dias, em Lanzarote.  
Da página que abre o 'site' da Fundação Saramago retirei a foto, o texto abaixo. O 'link' está aí à direita do blogue, sempre que a (o) queiram visitar..
José Saramago repousará no Campo das Cebolas, após remodelação no local, em frente à Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago, à sombra de uma oliveira centenária que será transplantada da sua aldeia natal, Azinhaga, para Lisboa.
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A frase do "Memorial do Convento" estará inscrita em pedra de Pero Pinheiro. Um banco de jardim possibilitará que os seus amigos leiam fragmentos da sua obra ou observem a paisagem que o Escritor teria da sua janela.
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José Saramago está em Lisboa, nos seus livros, mas, sobretudo, nos nossos corações.
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A Fundação .

Um poema de José Luís Peixoto


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fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

retirado daqui

mais sobre José Luís Peixoto (nomeadamente fotos da sua visita à Esag) - aqui  e  aqui

ver:  a sua página no Facebook

página de autores portugueses do século XXI: aqui 
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22.7.10

la nouvelle chanson française

dedicada às minhas amigas do francês, uma banda fantástica (eu acho) da "nouvelle chanson française":  

SABAYO est un groupe de musique faisant de la chanson française engagée . Le groupe est originaire de Clermont-Ferrand.
Leur rencontre se passe à l'université, lors d'un atelier de théatre étudiant. Au début, ils ne sont que deux: Sebastien et Yoan - d'où le nom Sabayo (une déformation de Seb et Yo).  - ler mais aqui



Sabayo, la peste
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Portishead

a música dos Portishead - vai dedicada à Alex, que voltou agora de NY city!


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Portishead é uma banda britânica de trip hop formada no ano de 1991 em Bristol, Inglaterra. A banda 'nasceu' quando, numa fila de desempregados, Geoff Barrow (samples e letras) encontrou Beth Gibbons (vocal). Geoff fazia samples para outras bandas, mas depois que formou o Portishead com outros integrantes de uma banda de jazz,  passou a dedicar-se somente à banda. No início, o Portishead era definido como lo-fi mas depois de algum tempo seu estilo foi modificado para o que é conhecido como trip hop, também chamada "música de Bristol". (fonte: Wikipedia)
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site dos Portishead - ver (ouvir) aqui

21.7.10

página do departamento: actualizações

Actualizações na página web do Dpt de Línguas  (clicar)

Já estão online e actualizadas:
  • a lista de professores do departamento para 2010-2011 (aqui)
  • a lista de manuais 2010-2011 ( aqui )
  • os critérios de avaliação para o 3.º ciclo (francês e inglês) - ( aqui )

Vejam se está tudo certo, sim?
Havendo correcções a fazer, por favor deixem-nas aqui, no espaço dos 'comentários'

Ah, e voltei a enviar os convites para publicarem neste blogue .. aceitem!!

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para quem ainda não conheça:

páginas de autores portugueses:

20.7.10

escritores de língua inglesa: Michael Ondaatje

    Michael Ondaatje: poeta, romancista, realizador.

    Nasceu no Sri Lanka em 1943.

    Mudou-se para o Reino Unido, depois para o Canadá.

    É cidadão canadiano.

    A sua obra mais conhecida é o romance 'O Paciente Inglês', adaptado ao cinema.


    Ondaatje - em entrevista:

    «Um romance é mais um debate do que um monólogo.»

    «Os escritores fazem sempre apenas a pesquisa mínima e indispensável. É perigoso investigar demasiado, porque escrever é adivinhar.»


    «Um amigo meu queixou-se: 'nunca ninguém me tinha falado das dificuldades do segundo livro...' A verdade é que os livros vão-se tornando cada vez mais difíceis de escrever.»

    «Benditas traduções. Eu vivo no Canadá e posso ler um livro de José Saramago, porque alguém o traduziu para inglês. É mágico! »
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    José Saramago, in memoriam

    Faz hoje um mês e dois dias que morreu José Saramago.

    Nos links abaixo (um por cada letra do seu nome, a minha homenagem, rendida ao longo do tempo) : declarações suas, notícias que sobre ele foram sendo publicadas, polémicas que desencadeou ..

        

      S
      A
      R
      A
      M
      A
      G
      O
    .                                                                                                  

    19.7.10

    a música de Léo Ferré


    Léo Ferré, um cometa incendiário e anarquista

    « o louco inspirado, o poeta profético, aquele que sempre, e cada vez mais, pertencerá ao futuro, atravessou os céus da Europa no século passado como um cometa incendiário ... »
    Era anarquista e chamava-se Léo Ferré . (cliquem no nome, vão dar a um site incrível!).

    - e não percam, no vídeo, uma interpretação espantosa, misto de teatro e música, assim como um panfleto - cúmplice, libertário, provocatório:


    LA SOLITUDE



    a letra, aqui / um cheirinho: «o desespero é uma forma superior de crítica»

    e ainda .. vejam q vale a pena: uma página na ESAG dedicada a mais umas quantas figuras maiores da cultura francesa : aqui

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